segunda-feira, 13 de junho de 2011

Resenha do livro: Enforcados, o índio em Sergipe

Nome:Maria Luiza Pérola Dantas Barros
Curso:História-Licenciatura
Data:13/06/2011
Diciplina:Temas de História de Sergipe I
Professor:Antônio Lindvaldo


FIGUEIREDO,Ariosvaldo.1981.Enforcados,o índio em Sergipe.Col.Estudos Brasileiros.Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro.

Ariosvaldo Figueiredo Santos nasceu em Malhador, interior de Sergipe, em 28 de novembro de 1923, filho de Alcides e Lourdes Santos.Quanto aluno do colégio Tobias Barreto admirava Artur Fortes e Abdias Bezerra pela competência e seriedade. No colégio Atheneu, durante a Segunda Guerra, relevante atuação política.Apesar de possuir inclinações socialistas, era democrata.Formado em Agronomia e Direito escreveu com diversos intuitos.Entre suas principais obras estão: ''História política de Sergipe'' e ''Eu Vivi, confesso''.Faleceu em 16 de abril de 2008.De acordo com Ivan Valença, amigo pessoal de Ariosvaldo,ele sempre foi muito criticado por sua visão progressista na política.
Sua obra Enforcados está dividida em dez capítulos onde ele aborda a temática do índio,desde da conquista do nosso território até suas constantes lutas,para o autor, no século XX.
No primeiro capítulo,O índio e a empresa colonial,o autor aborda a influência árabe na Europa, de um modo particular em Portugal.Pretende mostrar que a divisão Oriente/Ocidente que havia na época se faz pouco, ou nada presente,no campo econômico, onde o capitalismo tem destaque.E em virtude desse capitalismo, diz que o descobrimento do Brasil não foi uma aventura, mas foi uma 'execução' de projeto capitalista da época.Assim ao chegarem em nossa terras, os colonizadores se depararam com os índios, e os adjetivaram de diversas maneiras que, para o autor,não significavam em primeiro injúrias mas uma forma de descontentamento perante os hábitos, costumes e valores dos índios que ignoram o capitalismo.Ele mostra a relação da empresa colonial,voltada para o capitalismo, e o índio, totalmente alheio a tais valores, e que devido também a isto, são tratados como objetos que compõem os interesses do capitalismo.
No segundo capítulo,Descoberta,Cultura nativa e exploração, o autor aborda que o conhecimento cartográfico da época,século XVI, já que constavam a descoberta de rios sergipanos.Mostra também que durante esse século 'a influência francesa e o domínio indígena' marcaram Sergipe, além abranger práticas e costumes indígenas, e como, para servir aos interesses do capitalismo mercantilista (termo não citado, mas subentendido pelo contexto), essa cultura teve que absorver a portuguesa.Assim mostrando que,devido a essa imposição por parte dos portugueses, fez com que os índios não os vissem com bons olhos, nem respeitassem suas divisões e se aproximarem dos franceses,seus opositores.
No terceiro capítulo, Os jesuítas, Luís de Brito e Almeida e a Guerra de Cristóvão de Barros, o autor vitimiza os índios para justificar sua futura agressão.Narra a vinda, e os motivo,dos jesuítas para Sergipe de um modo particular Gaspar Lourenço que chegam à Sergipe no governo de Luís de Brito.Este governo estava  interessado na captura dos índios, condenada pelos jesuítas, e a defesa de 12 léguas de terra. O autor mostra que foi um impulso particular que moveu Brito à expulsar os jesuítas do território e a massacrar os índios , a ponto de, como ele mesmo disse,em 1576 não haver mais remanescentes do trabalho jesuíta ou da presença indígena naquela região, estes fogem para o sertão.
O autor também faz questão de deixar claro que os índios fugiram, mas resistiram de diversas formas à colonização, como a vingança de 1586
No quarto capítulo,Sesmarias,Currais e História traída,o autor conta que antes da guerra de 1585 acontecia a divisão das sesmarias em território sergipano para mostrar como já havia concentração de terra por parte dos governantes e dos capitães-mores. A medida em que as terras eram doadas e os colonizadores empurravam o gado para o interior ampliava-se a agressão contra os índios.
''Para o índio qualquer colonizador era colonizador, contra o qual o índio deve lutar e reagir.''
No quinto capítulo,Nascimento, vida e morte das aldeias, o autor nos apresenta a  formação das aldeias,comunidades indígenas sob a tutela jesuíta.Ele decorre os anos mostrando que em 1798 aumenta a  violência contra o índio visando a proteção de terras dos colonos (Carta Régia de 1798).
No sexto capítulo,Últimas aldeias ou  missões, o autor apresenta inicialmente a pecuária e a plantação de cana como formas de de terminar o cerco da liquidação indígena.Estes,ele mostra, apesar de terem conhecimentos dessas antes dos colonizadores, são vistos pelos mesmo como proprietários indevidos destas.Apesar de toda a violência,o autor mostra a presença dos índios em todas as Freguesias sergipanas, e que mesmo multiplicando-se os atritos os índios ''sempre resistem''.
''Os índios a toda hora perseguidos,processados,tem terras invadidas e usurpadas.''
No sétimo capítulo, Aldeia em Porto de Folha: índios remanescentes Xocós, o autor mostra que os Xocós deslocam-se para a Ilha de São Pedro, mantendo com os índios de Alagoas intensa comunicação. Eles absorvem a cultura do colonizador e a modificam para seu uso  e sua sobrevivência.Mostra  o descaso para com a presença indígena em 1888,  constante luta dos Xocós para a obtenção de seus direitos.Ele mostra que essa luta teve apoio de intelectuais, trabalhadores e sacerdotes.
No oitavo capítulo,Grito do sertão, o autor faz uma criticado ideal de superioridade cultural portuguesa em relação aos índios.Mostra que são descendentes dos índios com o brancos, os mestiços, que são responsáveis pela exploração e adentramento do interior.Mostra que até esses sofrem repressão(Canudos, o grito de esperança de uma gente econômica e socialmente humilhada).
No nono capítulo, Palavra última, o autor aponta a não aceitação por parte dos índios da cultura que lhes é imposta e por isso reage contra jesuítas, Metrópole, latifundiários.Critica a república e o seu ideal de acabar com os problemas existentes e denuncia o novo colonialismo.

O autor defende,  em toda sua obra, a presença violenta do colonizador na vida do índio;além de defender a soberania cultural indígena,se opondo assim a muitas versões tradicionais da historiografia sergipana.Vê o índio como ''oprimido'', porém de resistência constante.

Comentários
O autor narra uma espécie de ''Odisseia'' indígena, percorrendo desde a motivação para que houvesse a colonização até aproximadamente 1930.Ele vê a colonização como uma 'violência ilimitada',mas, me apropriando das palavras de Luís Alberto em ''O Feudo'', não podemos condenar a colonização e nem sua forma violenta de ser, pois estaríamos condenando a descoberta do Brasil, que ocorreu nos moldes da época.Ele diz,no decorre do livro, que os horrores coloniais foram excessivamente ação da Contra Reforma no Brasil, quando ele mesmo aponta algumas das inúmeras medidas da Santa Sé para o reconhecimento e valorização dos índios.

 Referências bibliográficas:
  • BANDEIRA,Luís Alberto Moniz Bandeira.O Feudo,2ª edição revista e ampliada.Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,2007,695p.
Sites pesquisados:

Nenhum comentário:

Postar um comentário